O detalhe que falta conhecer (02/11)
O Palácio do Planalto torce para que Serra e Aécio não se entendam, e que um deixe o outro ao relento. Não é uma aposta no vazio. Nas duas últimas eleições o PSDB esteve fraturado. Será diferente desta vez?
O otimismo exultante de Luiz Inácio Lula da Silva quanto a 2010 tem uma base real e um elemento de cálculo. O prestígio do presidente e a força política do governo são a base real. O elemento de cálculo é a necessidade de manter o pique e o clima até começar a “novela”, a programação eleitoral no rádio e na tevê.
A euforia em torno da candidatura de Dilma Rousseff é essencial para a travessia do deserto, para manter soldada a megacoalizão governista e assim evitar que pedaços venham a reforçar o outro lado. Se tudo correr bem para Lula, a oposição vai comer poeira no horário “gratuito”, numa proporção de 1 para 2. Terá metade do tempo dado ao governismo. Uma desvantagem e tanto.
Daí que nas últimas semanas Dilma tenha feito uma blitz. Aparições, reuniões, declarações. O script completo do candidato. Entre os comandantes da campanha, a esperança é subir uns pontinhos, de preferência abrindo vantagem confortável sobre Ciro Gomes. Uma folga suficiente para enterrar de vez os sonhos da candidatura no PSB.
Já a oposição vive a contagem regressiva para a escolha do nome, assunto que deve mesmo estar resolvido daqui até o fim do ano. O PSDB quer entrar janeiro com os exércitos em posição para a batalha. A oposição tem bons nomes e realizações a apresentar. Falta por enquanto o discurso. E falta a fórmula definitiva para enfrentar um desafio descrito originalmente nesta coluna em 3 de junho (“Barbas de molho”): como juntar o capital político que detém em São Paulo e Minas Gerais?
Porque, na essência, a aritmética continua a mesma desde então. Se o PSDB abrir uma vantagem de 2 para 1 em SP e MG, e se ganhar no Sul, cenários possíveis, o PT precisará tirar toda a diferença no Norte e Nordeste, considerando que o Centro-Oeste deve registrar equilíbrio. Um cenário de risco para a candidatura Dilma. Inclusive porque as áreas potencialmente mais inclinadas à oposição votam mais, registram menor absenteísmo.
Claro que os números podem flutuar. O PT pode ir melhor em SP e MG do que as previsões. E o PSDB não necessariamente vai ser massacrado no Nordeste. Em eleições, é prudente fazer uma separação clara entre análise e torcida. É preciso saber então se o PSDB terá tal capacidade de aglutinação interna, essencial também para a arregimentação externa.
No cenário ideal para José Serra, Aécio Neves aceitaria ser o vice. No mundo dos sonhos de Aécio, um Serra candidato à reeleição garantiria os votos paulistas para somar ao caminhão de apoio que espera receber em Minas.
O Palácio do Planalto torce, naturalmente, para que ambos não se entendam e que um deixe o outro ao relento. Não é uma aposta no vazio. Nas duas últimas eleições o PSDB esteve fraturado. Será diferente desta vez?
Um sintoma
Por falar em Minas Gerais, há ministros que vão terminar o governo Lula como exemplos de boa gestão. Um deles é Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Há debates ideológico-doutrinários na sociedade brasileira sobre os programas sociais, mas não há questionamentos reais sobre a eficiência e a seriedade como são implementados.
É um mistério para mim por que Lula, Dilma e o PT escantearam o ministro responsável pela área de maior sucesso no governo. Patrus não é candidato a presidente, nem a vice. Leva desvantagem diante de Fernando Pimentel na corrida para candidatar-se ao Palácio da Liberdade. Isso se Lula não impuser ao PT-MG a renúncia em favor de Hélio Costa (PMDB).
Patrus tampouco faz parte do núcleo dirigente da candidata. Ou seja, está na periferia do jogo. Claro que o destino de cada político é, em última instância, responsabilidade do próprio. Mas não deixa de ser um sintoma de como as coisas mudaram no PT. E não necessariamente para melhor.
Surpreendente
O ministro da Saúde precisa vir a público para explicar por que o Brasil é top mundial de mortos pela gripe suína e dizer como vai impedir que o inverno do ano que vem seja um desastre.
Sobre a dengue, o ministro vem de revelar que não haverá solução definitiva enquanto não houver uma vacina. Informação relevante e, mais que tudo, surpreendente.
Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.
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O otimismo exultante de Luiz Inácio Lula da Silva quanto a 2010 tem uma base real e um elemento de cálculo. O prestígio do presidente e a força política do governo são a base real. O elemento de cálculo é a necessidade de manter o pique e o clima até começar a “novela”, a programação eleitoral no rádio e na tevê.
A euforia em torno da candidatura de Dilma Rousseff é essencial para a travessia do deserto, para manter soldada a megacoalizão governista e assim evitar que pedaços venham a reforçar o outro lado. Se tudo correr bem para Lula, a oposição vai comer poeira no horário “gratuito”, numa proporção de 1 para 2. Terá metade do tempo dado ao governismo. Uma desvantagem e tanto.
Daí que nas últimas semanas Dilma tenha feito uma blitz. Aparições, reuniões, declarações. O script completo do candidato. Entre os comandantes da campanha, a esperança é subir uns pontinhos, de preferência abrindo vantagem confortável sobre Ciro Gomes. Uma folga suficiente para enterrar de vez os sonhos da candidatura no PSB.
Já a oposição vive a contagem regressiva para a escolha do nome, assunto que deve mesmo estar resolvido daqui até o fim do ano. O PSDB quer entrar janeiro com os exércitos em posição para a batalha. A oposição tem bons nomes e realizações a apresentar. Falta por enquanto o discurso. E falta a fórmula definitiva para enfrentar um desafio descrito originalmente nesta coluna em 3 de junho (“Barbas de molho”): como juntar o capital político que detém em São Paulo e Minas Gerais?
Porque, na essência, a aritmética continua a mesma desde então. Se o PSDB abrir uma vantagem de 2 para 1 em SP e MG, e se ganhar no Sul, cenários possíveis, o PT precisará tirar toda a diferença no Norte e Nordeste, considerando que o Centro-Oeste deve registrar equilíbrio. Um cenário de risco para a candidatura Dilma. Inclusive porque as áreas potencialmente mais inclinadas à oposição votam mais, registram menor absenteísmo.
Claro que os números podem flutuar. O PT pode ir melhor em SP e MG do que as previsões. E o PSDB não necessariamente vai ser massacrado no Nordeste. Em eleições, é prudente fazer uma separação clara entre análise e torcida. É preciso saber então se o PSDB terá tal capacidade de aglutinação interna, essencial também para a arregimentação externa.
No cenário ideal para José Serra, Aécio Neves aceitaria ser o vice. No mundo dos sonhos de Aécio, um Serra candidato à reeleição garantiria os votos paulistas para somar ao caminhão de apoio que espera receber em Minas.
O Palácio do Planalto torce, naturalmente, para que ambos não se entendam e que um deixe o outro ao relento. Não é uma aposta no vazio. Nas duas últimas eleições o PSDB esteve fraturado. Será diferente desta vez?
Um sintoma
Por falar em Minas Gerais, há ministros que vão terminar o governo Lula como exemplos de boa gestão. Um deles é Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Há debates ideológico-doutrinários na sociedade brasileira sobre os programas sociais, mas não há questionamentos reais sobre a eficiência e a seriedade como são implementados.
É um mistério para mim por que Lula, Dilma e o PT escantearam o ministro responsável pela área de maior sucesso no governo. Patrus não é candidato a presidente, nem a vice. Leva desvantagem diante de Fernando Pimentel na corrida para candidatar-se ao Palácio da Liberdade. Isso se Lula não impuser ao PT-MG a renúncia em favor de Hélio Costa (PMDB).
Patrus tampouco faz parte do núcleo dirigente da candidata. Ou seja, está na periferia do jogo. Claro que o destino de cada político é, em última instância, responsabilidade do próprio. Mas não deixa de ser um sintoma de como as coisas mudaram no PT. E não necessariamente para melhor.
Surpreendente
O ministro da Saúde precisa vir a público para explicar por que o Brasil é top mundial de mortos pela gripe suína e dizer como vai impedir que o inverno do ano que vem seja um desastre.
Sobre a dengue, o ministro vem de revelar que não haverá solução definitiva enquanto não houver uma vacina. Informação relevante e, mais que tudo, surpreendente.
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4 Comentários:
Minha avó ensinava: teime mas não aposte.
Tem muita água ainda para rolar mas imagino que os movimentos iniciais da Oposição buscarão distinguir-se de FHC e distinguir Dilma de Lula.
A primeira será conquista mais complicada do que a segunda. Quem não quererá conhecer melhor a candidata?
E essa terá algo de seu a mostrar que lhe favoreça em algum aspecto?
Até agora não conseguiu.
Lamento informa que esse posto foi tomado pelos EUA,que lideram os óbitos nessa gripe.O inverno com seu rigor peculiar, deve reduzir o
excedente populacional no hemisfério norte. Quanto a dengue os índices na capital da ressonância política-policial e cultural,são inferiores aos dos anos passados
Mistério mesmo é Lula ter optado por candidata sem eira nem beira partidária e política, ao invés de companheiros/as com ótimos curriculos, como é o caso inconteste da Marina.
Que qualidades tão diferentes possuirá Dima e que graves defeitos possuiriam Marina e Patrus, por exemplo?
Ou seria o inverso?
O turista eleitoral
No último dia 15, a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou a Proposta de Emenda Constitucional 1/2008, da deputada Célia Leão (PSDB). Agora, a administração José Serra está livre para financiar “publicidade de qualquer natureza fora do território do Estado, para fins de propaganda governamental”. A idéia é promover o turismo.
Entenderam?
Mas espera um pouquinho – e aquela milionária campanha “institucional”, paga pelo contribuinte para o governo paulista conquistar os espectadores amapaenses? Era tudo irregular mesmo, na cara dura? E ninguém faz nada?
As críticas de Lula aos Tribunais de Contas são de fato absurdas.
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