Finalmente (09/04)
O governo finalmente se mexeu, demitiu o presidente do Banco do Brasil e deu sinais de que vai lutar para reduzir o spread bancário. Gol de Luiz Inácio Lula da Silva. Vamos ver se vai funcionar, mas só o fato de o governo ter tomado a iniciativa já merece aplausos. O assunto vem sendo martelado aqui há meses, e nada tenho a acrescentar. O mercado reagiu mal, o que é bom. As ações do banco caíram, por causa das projeções de queda na lucratividade. Ótimo. Está mesmo na hora de bancos lucrarem menos. Ou então, se querem lucrar mais, que emprestem a mais gente, ganhando um pouquinho com cada um. Isso seria civilizado. Que o BB aumente sua participação no mercado. O Brasil sairá ganhando. Ainda que tenhamos de ouvir as lamúrias dos advogados do nosso capitalismo de mentirinha, que sob a máscara da defesa da livre-concorrência advogam mesmo é para os cartéis e oligopólios. Apenas para registrar, trechinho de um post do já distante 8 de outubro de 2008, no comecinho da crise (Estatais, graças a Deus).
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- O título deste post? Trata-se de uma homenagem ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. Espero que nos ajudem a sair desta. Graças a Deus, não conseguiram privatizá-los, quando isso estava na moda.
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8 Comentários:
Perdoe discordar: mais uma vez e na melhor das hipóteses Lula jogou para a torcida. E nos dois papéis: Dr. Jekyll e Mr. Hyde.
Fácil e rápido. Fosse diferente e o novo Presidente do Banco anunciaria novas taxas e não mera “meta”. O spread, se o Governo quisesse mesmo, seus representantes no mando do Banco teriam mudado tem tempo. O Ministro da Fazenda, fosse o caso, o faria por canetada. Acionistas ao bispo. É do risco do investimento privado em empresa pública o primado do interesse público. Ao menos é duvidosa a idéia de que seja assegurado ganho injusto contra o erário. O capital, havendo prejuízo, sacudirá a bolsinha, tomará de outro cliente e buscará ressarcimento.
Vale o mesmo e ainda mais para a Caixa. É sociedade de economia mista com o capital integralmente público. Não negocia na bolsa. No entanto, cobra dos clientes o mesmo que o BB. Nos financiamentos imobiliários, então, comete anatocismo descarado, em despudorado prejuízo dos mutuários. Até os tais de “baixa renda”.
Quem manda e quem lucra? O Governo.
Ganha um pouco menos com os negócios do Banco do Brasil porque divide parte com os acionistas privados, mas manda em 100% da coisa, seja no BB seja na Caixa
Se Lula não joga par-ou-ímpar sozinho, as razões da demissão poderiam ser outras, jamais o spread. O mercado não reagiu mal pela perspectiva de redução nos lucros, até porque ninguém em sã consciência e em meio à crise como essa suporá coisa diversa. O que mudou foi a ciência na gestão. Também para o setor financeiro não terá começado a campanha para 2010?
Espero que a demissão tenha sido por causa da pressão pela bax dos juros e não por outro motivo, se for para reduzir o spred so posso louvar ao governo, alias esta uma das melhores medida já tomadas por este governo.
Abraços
TAQ
Alon,
"As ações do banco caíram, por causa das projeções de queda na lucratividade"
Aconteceu a mesma coisa quando o Serra "vendeu" a folha de pagamento do Estado para o banco estadual, lembra? Naquela época caiu bem mais que o BB agora. Só que os investidores voltaram rapidinho quando perceberam o "filé sem osso" que é uma carteira de mais de um milhão de clientes que, embora a maioria dos salários sejam baixos, são obrigados por decreto a contribuir mensalmente para o banco, têm estabilidade no emprego, aposentadoria integral e crédito consignado.
Você também já publicou aqui aquele trabalho do professor da USP que mostra que juros altos também podem estimular a inadimplência. E pode ser que o BB, se for competente, consiga selecionar bem o risco. O juro menor pode atrair mais clientes.
Isso tudo junto pode aumentar a lucratividade. Pode ser que os investidores retornem, como retornaram correndo pra Nossa Caixa, que o BB comprou pra ficar com as contas dos servidores paulistas.
Realmente. Já passou da hora de começarem a praticar o ganhar menos com mais, do que ganhar mais com menos. A famosa análise giro x margem.
Quanto ao aspecto privatização x estatização, o que parece andar fora de moda hoje é a decantada reestatização.
Swamoro Songhay
Imagina Alon, se o Lula mandasse os bancos comerciais privados emprestarem a vontade para os consumidores? Lembra das "ajudas" desse governo aos bancos,a liberação dos compulsórios foi um exemplo disso, bem recente.
Os bancos brasileiros são os mais rentáveis e lucrativos do mundo.Aqui as taxas de juros cobrados dos consumidores chega à casa de mais de 300% ao ano.
Alon , esse governo ,como escreveu você,anda de mão dada com os capitalistas nacionais.Ajuda aos bancos e não cobra nenhuma contrapartida deles.O mesmo acontece com a redução do IPI, qual a contrapartida das montadoras aqui instaladas?No Japão ,elas terão no mínimo , a obrigação de fazer modelos de carros mais econômicos .
Desde o final do ano passado, com as declarações do presidente sobre spread bancários exagerados, passando para a publicação das taxas de juros praticadas pelas entidades financeiras (http://www.bcb.gov.br/?TXJUROS), o governo já sinalizava que iria intervir, através da concorrência, para fazer aumentar o volume de capital emprestado.
Segundo a tabela em vigor, para o caso de empréstimo à pessoa fisica-crédito pessoal, vemos a CEF, o BB e o Bradesco por exemplo, praticando as taxas 2.12, 2.33 e 4.78 e rankeados em 15, 26 e 73, em ordem crescente das maiores taxas de juros.
Os bancos estatais JÁ praticam taxas de juros bem menores que os grandes bancos privados e emprestam muito mais.
Alon, se você diz que é gol do Lula e em seguida diz "vamos ver se vai funcionar" só pode ser porque você suspeita que foi gol contra.....lembre-se, se o BB der prejuizo que vai bancar a conta será o erário público. Lembre-se que fundos de pensão de trabalhadores de diversos ramos tem ações desse banco como garantia de aposentadoria.
A seguir, um artigo bastante ilustrativo do prof. Ricardo Bergamini:
Se o Spread Bancário no Brasil fosse de ZERO, o juro mínimo de mercado seria de 45,40% ao ano.
Premissas básicas com base na média do ano de 2008:
1 – Custo de carregamento da dívida da União: 13,56% ao ano (Fonte: Ministério da Fazenda)
2 – Percentual do depósito compulsório total (remunerado e sem remuneração): 70,13% (Fonte Banco Central).
A - Se um banco tivesse a quantia de 100 dinheiros disponíveis para aplicação ele teria duas opções:
A.1 - Comprar títulos do governo federal, nesse caso seria isento do depósito compulsório e receberia no final de um ano 13,56% de 100 dinheiros, ou seja: 13,56 dinheiros.
A.2 - Emprestar ao público (empresas e famílias), nesse caso o banco teria que recolher ao Banco Central 70,13% dos 100 dinheiros disponíveis, ou seja: 70,13 dinheiros, ficando com apenas 29,87 dinheiros para emprestar.
Para obter o mesmo ganho que teria na aplicação de títulos públicos de 13,56 dinheiros no ano, o banco teria que empresta os 29,87 dinheiros restantes a uma taxa correspondente a 3,3478 (1 : 0,2987) vezes maior do que a taxa de aplicação nos títulos públicos de 13,56% ao ano, nesse caso seria a uma taxa de 45,40% ao ano.
Resumo do exemplo hipotético:
I - Aplicação em títulos federais - 100 dinheiros a 13,56% ao ano daria um rendimento de 13,56 dinheiros em um ano.
II – Aplicação de 29,87 dinheiros a uma taxa de 45,40% ao ano daria um rendimento de 13,56 dinheiros em um ano.
Em vista do acima demonstrado, se o Spread bancário no Brasil, hipoteticamente, fosse de zero o custo financeiro de mercado na média de 2008 teria sido de 45,40% ao ano.
Nota: Qualquer alteração no acima colocado depende, única e exclusivamente, do governo federal.
Spread Bancário
É composto das seguintes despesas: administrativa, inadimplência, custo com depósito compulsório sem remuneração, tributos, impostos e taxas.
O percentual varia em função de cada tipo de operação, bem como de banco para banco, o que fez com o juro de mercado tenha variado, no ano de 2008, da média de 68% ao ano até 174% ao ano para cheque especial.
Nota: Quaisquer alterações nos tributos, impostos e taxas dependem, única e exclusivamente, do governo federal.
Como acima comprovado podemos afirmar que 80% das variáveis que compõem a taxa de juro de mercado absurda, dependem, única e exclusivamente, do governo federal. E não será com discursos demagógicos que o assunto será resolvido.
* O autor é professor de economia.
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