Boas idéias que vêm da França (04/12)
Entre as medidas de estímulo à economia apresentadas hoje pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, está uma que caberia perfeitamente aqui no Brasil:
Sarkozy announced measures worth 1.8 billion euros to help the housing sector, including 800 million euros to build or renovate public housing and 600 million euros for zero-interest loans for the purchase of new homes.
600 milhões de euros com juro zero para a aquisição de novas casas. Leia a íntegra da reportagem da Bloomberg. Está faltando algo assim, não convencional, para dar um choque elétrico na economia brasileira. Para inverter a tendência. Para fazer as pessoas vislumbrarem um futuro. O governo brasileiro, de esquerda, parece preso a mecanismos mentais pré-crise. Já Sarkozy, um político de direita (mas com compromissos nacionais, leia O au revoir e as lágrimas), envereda por uma agressiva política de (mais) endividamento público, expansão de gastos e proteção a sua indústria, especialmente a automobilística. Nós poderíamos aproveitar os aspectos positivos da desvalorização do Real, como por exemplo o declínio na relação (quociente) entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto. Há espaço para que o governo se endivide. Precisa fazer isso de maneira inteligente. Não resolve encher de dinheiro as tesourarias dos bancos e o caixa das empresas. Num ambiente de pouca confiança, essa liquidez tenderá ao empoçamento, pois não há nada melhor para uma empresa do que enfrentar de cofre cheio situações como a atual. É preciso conduzir o dinheiro barato, ou quase de graça, às mãos de quem pode estar mais propenso a consumir, especialmente em ramos nos quais o acréscimo de consumo implique incremento imediato da utilização de força de trabalho. O governo precisa baixar os juros e endividar-se para ter dinheiro para investir, já que o capital privado é intrinsecamente covarde. Não se trata de juízo de valor, trata-se da constatação de um fato. E precisa também oferecer (se necessário diretamente, passando ao largo do sistema bancário privado) crédito fácil a quem pode fazer o mecanismo andar. Ou pelo menos não parar. Ainda há tempo, ainda não estamos irreversivelmente condenados ao atoleiro. Uma vez atolados na recessão, de pouco nos adiantarão as lamentações.
http://twitter.com/alonfe
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600 milhões de euros com juro zero para a aquisição de novas casas. Leia a íntegra da reportagem da Bloomberg. Está faltando algo assim, não convencional, para dar um choque elétrico na economia brasileira. Para inverter a tendência. Para fazer as pessoas vislumbrarem um futuro. O governo brasileiro, de esquerda, parece preso a mecanismos mentais pré-crise. Já Sarkozy, um político de direita (mas com compromissos nacionais, leia O au revoir e as lágrimas), envereda por uma agressiva política de (mais) endividamento público, expansão de gastos e proteção a sua indústria, especialmente a automobilística. Nós poderíamos aproveitar os aspectos positivos da desvalorização do Real, como por exemplo o declínio na relação (quociente) entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto. Há espaço para que o governo se endivide. Precisa fazer isso de maneira inteligente. Não resolve encher de dinheiro as tesourarias dos bancos e o caixa das empresas. Num ambiente de pouca confiança, essa liquidez tenderá ao empoçamento, pois não há nada melhor para uma empresa do que enfrentar de cofre cheio situações como a atual. É preciso conduzir o dinheiro barato, ou quase de graça, às mãos de quem pode estar mais propenso a consumir, especialmente em ramos nos quais o acréscimo de consumo implique incremento imediato da utilização de força de trabalho. O governo precisa baixar os juros e endividar-se para ter dinheiro para investir, já que o capital privado é intrinsecamente covarde. Não se trata de juízo de valor, trata-se da constatação de um fato. E precisa também oferecer (se necessário diretamente, passando ao largo do sistema bancário privado) crédito fácil a quem pode fazer o mecanismo andar. Ou pelo menos não parar. Ainda há tempo, ainda não estamos irreversivelmente condenados ao atoleiro. Uma vez atolados na recessão, de pouco nos adiantarão as lamentações.
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3 Comentários:
Por um post anterior ("Aula de Capitalismo", 26/11/2008), talvez seja preciso que alguém ouça e leia mais o Delfim Netto. Pode ser melhor que discursos eivados de triunfalismo, onisciência e infalibilidade presentes hoje. Fica uma pergunta: ações do conservador Sarkozy da França, ou do governo de esquerda do Brasil?
Swamoro Songhay
Sem meias palavras, o que o Brasil precisa é ABAIXAR OS JUROS. Todo mundo está dizendo isso. Roubini, Delfim, etc.
Está claro que o fato de termos os juros tão elevados, hj, ironicamente, se transformou numa vantagem. É abaixar agressivamente os juros pra se vacinar contra a crise.
Agora o Lula vai usar o seu capital politico pra botar o BC em redeas curtas? Eu acho que não.
Simples assim.
Agora é que se vê como é bom para o país um BC independente, não é?
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