Volta, grooving, volta (29/07)
A revista Veja desta semana traz reportagem na qual afirma que um erro do comandante causou o desastre com o vôo 3054 da TAM. Na edição da semana passada a revista já havia entrado num caminho promissor da investigação, ao informar que o avião "decolou" a cerca de 180 km/h da pista de Congonhas para se chocar com o prédio da companhia na avenida Washington Luís. Essa velocidade final é incompatível com a frenagem, mesmo em pista escorregadia, por um quilômetro e meio, depois de o avião tocar o asfalto a 250 km/h. A Veja afirma também que o avião não aquaplanou (leia a reportagem completa clicando aqui). Se a revista estiver certa, a falta de grooving (ranhuras para o escoamento da água) ficará afastada como causa, mesmo secundária, do acidente. Será uma pena. O "grooving-vilão" seria uma boa solução para muita gente. As duas centenas de mortes ficariam, didaticamente, associadas à incompetência de quem liberou a pista principal de Congonhas sem o grooving. "Morreram porque a pista foi entregue sem condições", diria a oposição. Uma comunicação bem fácil de entender. O grooving seria um achado também para o governo. Demitir-se-iam os responsáveis pela liberação da pista sem as ranhuras e ponto final. Ausente a explicação do grooving, e para desgosto de ambos, governo e oposição, entram na pauta as verdadeiras razões para a confusão nos aeroportos: a voracidade das empresas aéreas, a passividade de quem deveria fiscalizá-las e o sindicalismo sem limites dos controladores de vôo. Os dois primeiros são temas complicados. Empresas aéreas são bons anunciantes e bons financiadores de campanhas eleitorais. Ou seja, é melhor rezar pela ressurreição milagrosa do grooving como a causa do desastre com o Airbus da TAM, antes que alguém se interesse em esquadrinhar as relações político-comerciais da turma. Simultaneamente, trata-se de torcer para que os companheiros controladores, como diria o presidente, aprontem logo mais uma das suas. Para que, assim, ressurjam das catacumbas os defensores da desmilitarização, o outro nome da privatização definitiva do sistema. Por enquanto, eles se limitam a colocar a cabeça de fora, com a proposta de abrir o capital da Infraero.
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9 Comentários:
Desgosto pro governo?
Teriamos um golpe de estado se fosse a liberação da pista.
Uma questão interessante: não há nada que funcione nesse governo que seja tocado por petistas. Os profs são tucanos ou pefelistas ou "independentes". Engraçado, não?
A resposta está eeeeeee...xata!
Mais uma vez venho a este blog em busca das respostas certas em matéria de aviação.
As empresas aéreas, no entanto, não inventaram o capitalismo no Brasil. Por que só agora o tripé - empresas, governo e sindicatos - desmoronou? Meu palpite é que a Varig - uma espécie de paraestatal que dominava o mercado sozinha - mantinha o sistema em equilíbrio. O seu desaparecimento abriu a porteira para o capitalismo moderno, digamos.
Será que é um bom palpite?
E pior que tem gente da oposição chamando a caixa preta de petista. É rir pra não chorar. Mas também é triste ver um governo que se elegeu se dizendo contra as privatizações privatizar a Infraero.
Quer dizer que a Infraero, a ANAC do Dirceu e a lambança do governo lula não tem nada a ver com as derrapagens dos aviões nos dias anteriores, nem com o aumento do tráfego em Congonhas, nem com a aparelhagem de todas essas instâncias?
Quer dizer que o Lula pode se dizer isento de todos esses problemas?
É incrível como o lulo-petismo não aceita a divergência. Todos estão fulos com esse movimento Cansei. Não aceitam quem pense diferente. Estão indóceis. Só falam nisso.
É tão ridículo que a CUT lançou um contra-movimento protestando contra os juros altos e o superávit primário. É de chorar de rir.
Ricardo, o governo DOBROU os investimentos na infra e o Zuanazzi enfrentou o lobby por aumento no número de vôos de Congonhas. Falou isso na CPI e ninguém retrucou.
Ué, elogios para a Veja? Coisa rara por aqui...
Sds., de Marcelo.
É o contrário, Anônimo. O que nunca há aqui é críticas à Veja. Procure e você não achará.
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