Uma preocupante vocação para o golpe (07/05)
Eu não havia entrado no tema da nomeação de Roberto Mangabeira Unger para um ministério de Luiz Inácio Lula da Silva. Afinal é um assunto relativo apenas ao governo e ao próprio professor de Harvard. Pelo menos até que ele faça algo como ministro e sua ação possa ser avaliada à luz do interesse público. Este blog trata preferencialmente de questões de mérito e conteúdo. Mas hoje o professor-ministro aparece em uma entrevista na Folha de S.Paulo que abre assim:
FOLHA - Depois de tudo o que escreveu, quem errou ou quem mudou: o sr. ou o presidente Lula?
ROBERTO MANGABEIRA UNGER - Errei. Os fatos demonstraram que o presidente não teve envolvimento direto ou indireto naqueles episódios (...)
Isso sim interessa ao público. Recordando, Mangabeira Unger acusou em 2005 o presidente da República de corrupção e pediu o impeachment de Lula. Hoje ele diz que aceitou ser ministro (Ações de Longo Prazo) porque "os fatos demonstraram que o presidente não teve envolvimento direto" nos eventos que levaram à crise de 2005-2006. Ou seja, quando envereda pela política o titular de Harvard forma suas convicções e propõe linhas de ação antes mesmo de conhecer os fatos. Possivelmente guiado por suas conveniências, Mangabeira Unger foi capaz de pedir o impeachment de um presidente democraticamente eleito ainda que não houvesse razões objetivas para sustentar um processo contra Lula por crime de responsabilidade. É demais para mim. Só lamento que o presidente tenha chamado alguém assim para a sua equipe. Dar poder, ainda que pequeno, a pessoas com vocação golpista nunca é bom.
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FOLHA - Depois de tudo o que escreveu, quem errou ou quem mudou: o sr. ou o presidente Lula?
ROBERTO MANGABEIRA UNGER - Errei. Os fatos demonstraram que o presidente não teve envolvimento direto ou indireto naqueles episódios (...)
Isso sim interessa ao público. Recordando, Mangabeira Unger acusou em 2005 o presidente da República de corrupção e pediu o impeachment de Lula. Hoje ele diz que aceitou ser ministro (Ações de Longo Prazo) porque "os fatos demonstraram que o presidente não teve envolvimento direto" nos eventos que levaram à crise de 2005-2006. Ou seja, quando envereda pela política o titular de Harvard forma suas convicções e propõe linhas de ação antes mesmo de conhecer os fatos. Possivelmente guiado por suas conveniências, Mangabeira Unger foi capaz de pedir o impeachment de um presidente democraticamente eleito ainda que não houvesse razões objetivas para sustentar um processo contra Lula por crime de responsabilidade. É demais para mim. Só lamento que o presidente tenha chamado alguém assim para a sua equipe. Dar poder, ainda que pequeno, a pessoas com vocação golpista nunca é bom.
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11 Comentários:
Nunca consegui prestar muita atenção no que diz Mangabeira Unger, por isso nem tinha conhecimento desse viés golpista. Lembro-me dele manisfestando seu apoio à Lula no horário eleitoral gratuíto em 2006 (acho que no 2o. turno).
Sempre o achei um intelectual superestimado, que nunca me despertou maior interesse em conhecer a fundo sua obra e suas idéias. Do pouco que ouvi/li, o ponto forte de seu pensamento que eu admiro é o nacionalismo, no melhor sentido da palavra: de pensar numa nação brasileira com grandeza.
Não sei se me preocupa mais dar poder a quem fez coro ao golpe, ou pela própria qualidade das idéias no traçar de estratégias para o futuro do Estado brasileiro.
O que me tranquiliza é que Lula parece já ter traçado seu caminho pelos próximos 4 anos, e excluindo um grupo de meia dúzia de ministros que realmente tocam o governo, os demais Ministros ou são conselheiros, ou são representantes dos partidos na esplanada, sem maiores ingerências nos destinos do gorveno.
Alon
Lula já tem "alguém assim (na)sua equipe": o ministro da Justiça Tarso "Fora FHC" Genro.
abs.
Paulo Araújo,
Vc "roubou" meu comentário.
O Alon costuma ser coerente. Vamos ver como se sai dessa.
Alon, tb não sei qual o problema de se pedir o impeachment de "um presidente democraticamente eleito". Um monte de gente não clamou pelo impeachment do Collor? Ora, e ele não foi democraticamente eleito? Será que sua ressalva só vale para o Lula?
Parece-me que vc incorre no "preconceito às avessas", que pode ser grosseiramente formulado assim: Lula, em razão de suas origens e do mito popular que representa, estaria desobrigado a cumprir essas enfadonhas regras de conduta que o estado de direito impõe a todos os brasileiros. Veja que, no que diz respeito a Lula e os escândalos de seu governo, não estou dizendo que caberia impeachment. Só não concordo com o pensamento – encampado por muitos – de que Lula estaria, a priori, fora do alcance – algo como uma inimputabilidade especial.
Paulo e Frank,
Algo me diz que não foi somente o Tarso Genro. Parece que a palavra de ordem tinha aceitação ampla nessa parte da esquerda. Um golpista a mais um a menos não há de fazer diferença.
Sandor
Até hoje o Tarso Genro tenta explicar aquela maluquice. Sem conseguir, diga-se. Mas a situação do Mangabeira Unger é pior. O Tarso argumentava na época (1999) que a desvalorização cambial havia tirado a legitimidade do segundo mandato de FHC. Ou seja, o fato acontecido (desvalorização) implicaria o impeachment. Agora é pior. O Mangabeira Unger, professor titular de Harvard, publicou na imprensa um manifesto pela derrubada de Lula antes de saber se havia fatos que a justificassem. Hoje ele admite que à época não havia os tais fatos -e não há até hoje. O Mangabeira responsabiliza os jornais por terem publicado coisas que o induziram a fazer mau juízo do Lula e a pedir o impeachment dele. Os mesmos jornais que lhe deram a palavra quando ele decidiu investir contra o mandato popular de um presidente democraticamente eleito. Esse detalhe fala por si sobre quem é o professor Roberto Mangabeira Unger.
Só é pior porque foi contra o Lula, Alon. Fosse contra um candidato da Zelite, como o caso de Genro, o mal é sempre menor.
Também concordo que jogar a culpa na Imprensa pelas bobagens que escreveu revela bem a medida do caráter desse senhor.
E quem esse cara pensa que engana, Alon? Quem ele pensa que vai engolir essa desculpinha esfarrapada da "culpa da imprensa golpista"? Anota aí, Alon, o professor de Harvard ainda vai dar muito o que falar e rir.
Frank
Alon é sempre muito coerente. A prova última é o seu (dele)comentário anterior e a sua afirmação sobre sempre votar na esquerda contra a direita no post sobre as eleições na França.
Aliás, quem lê o blog do Alon pode apenas ficar irritado com a coerência dele. Agora, irritar-se com o esquerdista Alon porque ele manifesta no seu (dele) blog a sua(dele) coerência, aí isso já é coisa de brucutu.
abs.
Se não me engano, parece que foi o Sérgio Motta que saiu com a tal da "masturbação sociológica"; vamos deixar o cara (Unger) provar que não é mais (um) onanista, haja vista que hoje, no programa Roda Viva, o ex-ministro dos Transportes do Mandela falou pra gente cobrar resultados e não idéias dos políticos.
Alon, se pedir impeachment é ser golpista, quem pediu que FHC fosse impichado é o que?
O Lula convidou o Mangabeira para o Ministério só para ter o prazer de demiti-lo. Só isto.
Eu esperava por esse post. A espera valeu a pena.
That's it, Sir.
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