Anistia e vivandeiras (04/04)
Elio Gaspari escreve na Folha de S.Paulo de hoje coluna obrigatória -para ler e refletir sobre ela. O assunto (anistia para os controladores de vôo amotinados) havia sido tratado aqui, em Constituição à la carte, mas só de passagem. Fica para você comentar, enquanto eu viajo (de avião). Um trecho do texto do Gaspari:
(...) há antecedentes de mazorcas militares sedadas por anistias: Em novembro de 1910, os marinheiros dos principais navios de guerra brasileiros rebelaram-se na Baía da Guanabara. Dispararam sobre a cidade e ameaçaram bombardeá-la se não tivessem algumas reivindicações atendidas. Entre elas, estava a abolição da chibata como forma de punição disciplinar. A baderna durou quatro dias, e o marechal Hermes de Fonseca cedeu. Em seguida, o Congresso anistiou os revoltosos. O líder da iniciativa foi Rui Barbosa. (Semanas depois, veio a forra, mas essa é outra história.) Em fevereiro de 1956, cinco oficiais da FAB apoderaram-se de dois aviões militares e foram para Jacareacanga, no meio da Amazônia. Pretendiam iniciar uma revolta que derrubaria o presidente Juscelino Kubitschek. Cerca de 60 oficiais das tropas do Rio, de Salvador e de Fortaleza recusaram-se a reprimir o levante. Dezenove dias depois, os rebeldes renderam-se. Em dezembro de 1959, outra revolta. Os oficiais amotinados seqüestraram um avião de passageiros (primeiro episódio desse tipo da história nacional) e instalaram-se em Aragarças. Capitularam 36 horas depois. Em abril de 1960, com o apoio de Kubitschek, o Congresso anistiou os revoltosos. As anistias destinaram-se a preservar a ordem (1910) e a evitar o aprofundamento de uma crônica crise militar (1960). No século passado, a mazorca dos quartéis vinha tanto de baixo como de cima. (...) O caminho que leva os amotinados à cadeia pode conduzir os aeroportos ao inferno. Guardadas as proporções, essa foi a preocupação de Rui Barbosa em 1910. Os amotinados enfrentarão um processo que pode durar meses, ao fim do qual tudo indica que serão condenados. E como ficam, perante a lei, os negociadores que fecharam um acordo com eles? Já apareceram comissários que conhecem "brigadeiros progressistas" e parlamentares que recebem acenos de oficiais indignados. Essas duas espécies estão por aí, ciscando nos conciliábulos de Brasília. São nefandas figuras, retratadas em 1965 pelo marechal Castello Branco: "Eu os identifico a todos. E são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar". Desde 1981, o Brasil não vê extravagâncias do poder militar. O que menos se precisa é do ressurgimento das vivandeiras. (Clique para ler o texto na íntegra.)
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(...) há antecedentes de mazorcas militares sedadas por anistias: Em novembro de 1910, os marinheiros dos principais navios de guerra brasileiros rebelaram-se na Baía da Guanabara. Dispararam sobre a cidade e ameaçaram bombardeá-la se não tivessem algumas reivindicações atendidas. Entre elas, estava a abolição da chibata como forma de punição disciplinar. A baderna durou quatro dias, e o marechal Hermes de Fonseca cedeu. Em seguida, o Congresso anistiou os revoltosos. O líder da iniciativa foi Rui Barbosa. (Semanas depois, veio a forra, mas essa é outra história.) Em fevereiro de 1956, cinco oficiais da FAB apoderaram-se de dois aviões militares e foram para Jacareacanga, no meio da Amazônia. Pretendiam iniciar uma revolta que derrubaria o presidente Juscelino Kubitschek. Cerca de 60 oficiais das tropas do Rio, de Salvador e de Fortaleza recusaram-se a reprimir o levante. Dezenove dias depois, os rebeldes renderam-se. Em dezembro de 1959, outra revolta. Os oficiais amotinados seqüestraram um avião de passageiros (primeiro episódio desse tipo da história nacional) e instalaram-se em Aragarças. Capitularam 36 horas depois. Em abril de 1960, com o apoio de Kubitschek, o Congresso anistiou os revoltosos. As anistias destinaram-se a preservar a ordem (1910) e a evitar o aprofundamento de uma crônica crise militar (1960). No século passado, a mazorca dos quartéis vinha tanto de baixo como de cima. (...) O caminho que leva os amotinados à cadeia pode conduzir os aeroportos ao inferno. Guardadas as proporções, essa foi a preocupação de Rui Barbosa em 1910. Os amotinados enfrentarão um processo que pode durar meses, ao fim do qual tudo indica que serão condenados. E como ficam, perante a lei, os negociadores que fecharam um acordo com eles? Já apareceram comissários que conhecem "brigadeiros progressistas" e parlamentares que recebem acenos de oficiais indignados. Essas duas espécies estão por aí, ciscando nos conciliábulos de Brasília. São nefandas figuras, retratadas em 1965 pelo marechal Castello Branco: "Eu os identifico a todos. E são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar". Desde 1981, o Brasil não vê extravagâncias do poder militar. O que menos se precisa é do ressurgimento das vivandeiras. (Clique para ler o texto na íntegra.)
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8 Comentários:
Vivandeiras devem ser desacreditadas. Vivandeiras veem golpe por todos os lados. Vivandeiras mantém a sociedade anestesiada por medos e culpas inculcadas. O que deve ser cobrado de todos é a temperança de estadistas. Mirar-se nos estadistas. Temperança a todos. Vivandeiras não a tem.
Sotho
O pior é que nestes dias o mais tem são vivandeiras.
Ainda acalentam o sonho do 'terceiro turno'.
Paulo
Chego a conclusão, que estas ações da oposição juntamente com parte da mídia tem um motivo.Verificaram que Lula conseguiu montar uma coalizão onde ficou com maioria na câmara e senado, apesar de criticarem o PAC sabem o que representa para o país, e recentemente as propostas para a educação. Isto sem se falar na inflação em baixa, o risco país, aumento da exportações, crescimento do crédito e consumo e o principal a melhoria de vida de todos o brasileiros.
Juntando tudo, entram em convulsão, e tentam de todo modo desmoralizar
o governo.
Além do mais, verificaram que têm uma oposição franca e sem poder de fogo para barra as iniciativas governamentais.
Ainda tem mais, estão como muito medo das próximas eleições.
Quem tem interesse hoje em dia num golpe militar?
Esboço de resposta à indagação de JV: todos os que querem inscrever, extraconstitucionalmente, o terceiro turno na rotina nacional.
Quando os clubes militares lançam "pronunciamientos", quando a imprensa associa 1o. de abril a sindicalismo de sargentos e repúblicas sindicais, quando publica-se foto de primeira página de autoridade que NÃO tem jurisdição sobre os controladores como "prova" de omissão, quando parcelas das camadas médias vociferam na TV contra a "baderna do governo de proletários" e quando as oposições propõem uma CPI do "apagão" que tem como pauta única a "corrupção na INFRAERO", sem um item sequer referente a tráfego aéreo, parece-me que há, sim, algo mais no ar que aviões de carreira.
No caso da imprensa é sempre bom lembrá-la que costuma ser a primeira vítima. Parece-me, porém, que memória curta, no Brasil, não é "monopólio do povo".
Além da temperança, cabe mesmo a pergunta: quem tem interesse em alardear risco de golpe? Alardeia-se risco de golpe e depois alardeia-se que foi debelado. A quem interessa isto? Será a quem investe em descreditar tudo e a todos? Semeadores do medo?
Sotho
Concordo, Sotho
Se Gaspari sabe da existência de vivandeiras a rondar bivaques deveria dizer os nomes.
abs.
Esta historias de morde e assopra só serve ao Lula, cria um problema fictício e depois finge resolvê-lo, quando deveria ter feito prevenção. Lula vem agindo contra os militares e insuflando os sargentos desde o acidente da GOL.
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