Um país humilhado. E o governo, nem aí (12/03)
De Ney Hayashi da Cruz, na Folha de S.Paulo (trecho):
Os balanços [dos bancos] mostram que, de 1996 para cá, a receita obtida com tarifas bancárias foi um dos itens que mais subiram, ajudando a impulsionar os ganhos do setor. Em 1996, esse tipo de cobrança proporcionou aos bancos um faturamento de R$ 12,1 bilhões. No ano passado, o valor havia pulado para R$ 47,5 bilhões -alta de 293%. (...) Em 1996, ainda segundo os balanços entregues ao BC, os bancos gastaram R$ 24,9 bilhões com suas folhas de pagamento. No ano passado, esse valor havia passado para R$ 38,7 bilhões, variação de 55%. Nesse período, a inflação (IPCA) foi de 92,7%.
Clique aqui para ler a reportagem
Em resumo: para uma inflação de 92,7%, a folha de pagamento dos bancos cresceu 55% e as tarifas bancárias, 293%. Hoje, elas já cobrem com folga o gasto dos bancos com pessoal. É o retrato de um país humilhado. Sem que o governo esteja nem aí. Até porque a oposição (oposição?) tampouco tem qualquer interesse em assumir a defesa do trabalhador ou do empresário que têm conta em banco. Enquanto isso, a massa vai se divertindo com assuntos decisivos como, por exemplo, quantos ministérios terá o PMDB. Ou com as vitais disputas internas entre as correntes do PT por cargos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
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Em resumo: para uma inflação de 92,7%, a folha de pagamento dos bancos cresceu 55% e as tarifas bancárias, 293%. Hoje, elas já cobrem com folga o gasto dos bancos com pessoal. É o retrato de um país humilhado. Sem que o governo esteja nem aí. Até porque a oposição (oposição?) tampouco tem qualquer interesse em assumir a defesa do trabalhador ou do empresário que têm conta em banco. Enquanto isso, a massa vai se divertindo com assuntos decisivos como, por exemplo, quantos ministérios terá o PMDB. Ou com as vitais disputas internas entre as correntes do PT por cargos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
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21 Comentários:
Alon, o Brasil está na mão do agiota...e o pior é que todos nós somos os agiotas, os bancos são meros intermediários.
Única solução, cortar gastos públicos. Pode pegar uma cadeirinha e sentar, esperando o governo fazer isto. Vão levar a coisa até explodir. Aí? Hiperinflação de novo (com o consequente corte de gastos públicos na base da desvaloriz~ção real de salários e manutenção do valor nominal dos salários).
Muito bem lembrado, alon.
Só para complementar; o governo do Estado de São Paulo obrigou todos os funcionários públicos, celetistas, aposentados e pensionistas do Estado a abrir conta em seu próprio banco, a Nossa Caixa.
Em suma, obriga seus empregados a devolver os parcos salários que recebem. Em tempo: o governo paulista se recusa a pagar os dissídios salariais determinados pela Justiça há vários anos. Agora exige que eles paguem ao seu banco do Estado se quiserem recebe alguma coisa.
Será que os empregados do Itaú e do Bradesco também pagam para receber seus salários do banco?
Peraí, malandro.
O que tem os gastos públicos a ver com a tarifas bancárias?
Se estivéssemos no Reino Unido ou EUA, vá lá. Mas no Brasil, em que o pensamento estatizante encontra largo respaldo na sociedade, por que diabos o governo não põe os bancos públicos (BB e Caixa) para enfrentar esse problema?
Posaria bem na foto. Poderia se indispor com a Banca, é verdade, mas a Banca ganha eleição?
Ademais, penso que BB e Caixa poderiam baixar o spread e as taxas cobradas, "gradual e lentamente", sem causar um desarranjo agudo no status quo do sistema.
Os bancos privados iriam, gradualmente e sem sustos, ajustar seus custos internos e margens de lucro ao novo cenário competitivo.
Em suma: poderiam se adaptar ao tal do capitalismo - sob vários aspectos, ainda inédito nesse setor da economia.
Alon,
fico impressionado como os caras conseguiram "vender" para a população a solução mágica para qualquer problema governamental: "cortar gastos públicos...", sempre como sinônimo de redução do tamanho do Estado, do número e remuneração dos servidores públicos, etc.
Taí, se "cortar gastos públicos" passar a ser entendido principalmente como diminuir o pagamento de juros da dívida pública, eu apoio!
Como essa é a principal fonte dos absurdamente altos lucros bancários, a primeira ameaça da queda de juros sobre o faturamento bancário foi compensada na semana passada pela diminuição da rentabilidade da caderneta de poupança...
Oposição, sob o comando do banqueiro Bornhausen?????
POis eu diria que a massa não está nem aí para o número de ministériosa do PMDB nem para a disputa interna no PT em torno de cargos, e sim para as taxas e os spreads OU juros bancários, para o emprego e a segurança pública. E pelo que tenho ouvido nos botequins para a taxa de juro geral (a Selic) e sua relação com o crescimento econômico. A massa me parece estar discutindo a política que lhe interessa de perto (empregos,desenvolvimento) e não a politicalha partidária.
Caro Alon,
a Febraban é um grupo muito forte. Quem resolver ir contra eles não dura muito tempo.
O Brasil tem algumas "organizações" fortes e bem vestidas.
A outra é a mídia. São fortes, sempre os mesmos e se você fizer algo que vai em contra deles a sua batata começa a ser assada.
Também temos o grupo dos artistas. Quando se pensa em mudar o foco do incentivo à cultura e isso pode afetar os "grandes artistas", imediatamente vão às primeiras páginas dizer que o governo quer acabar com o artista.
Mas voltando aos bancos. Eles são tão fortes que nem governo nem oposição ousam a tomar alguma atitude contra.
Mexer nos vespeiros do Brasil é muito difícil, quem mexe pode acabar se acidentando.
É válido gritar contra estes absurdos, quem sabe com mais gritos o governo fique mais corajosos. Mas que é uma tarefa quase suicida, é...
Isso sem falar do confisco na poupança e no FGTS semana passada, um crime que foi ignorado...
Longe de mim defender bancos. É um setor oligopolizado, exerce enorme influência lobista nos poderes executivo e legislativo, e controlam quem deveria fiscalizá-los (BC, CVM, etc).
Mas a bem da verdade, me parece que parte desse crescimento é também por inclusão bancária das classes mais baixas. O número de cartões de crédito e débito, por exemplo, cresceu muito recentemente. Isso gera anuidades, tarifas, etc (de valores absurdos, é claro).
Há também o desconhecimento do cidadão em alguns casos. Tem gente que tem direito à conta pagamento com uma cesta de serviços mínima isenta de tarifas, e os bancos empurram cheque especial e outros penduricalhos para cobrar tarifas. O cidadão também precisa ser duro com os bancos como os bancos são com ele.
Quem quer emprestar sua poupança, barato, para um devedor que gasta demais e sempre aumenta suas dívidas?
Concordo com o comentarista jv. O Governo é o maior tomador de empréstimos do País, e é quem define, diariamente, a taxa de juros que está disposto a pagar na rolagem de sua dívida. Se o Governo economizar e passar a dever menos em relação ao PIB ( ou seja, em relação ao que produz), os juros cairão, mesmo que o sistema financeiro não queira. Apesar do chamado superávit primário, o Brasil tem tido sua dívida total sempre crescente, há décadas. O que se economiza a cada ano, não cobre os juros. O Saldo devedor tem sido crescente. Assim, não há milagre que derrube os juros.
Quanto às tarifas, lembro aos que acham as dos bancos privados muito altas, e de fato são, que os bancos estatais estão aí à disposição de quem preferir abrir conta lá, e desfrutar de um serviço mais econômico.
Para quem acha que o problema dos juros bancários se explica pela Selic. Como explicar que um juro real de menos de 10% ao ano na taxa básica resulte em um juro real de quase 10% ao mês no cheque especial?
A quem tiver uma explicação para os juros do cheque especial, pergunto ainda: Estas altas taxas no cheque especial são praticadas também pelos bancos estatais ou só pelos privados?
Perguntinha mal intencionada: qual a maior componente individual dos "gastos públicos"?
Se for para cortar essa, estou com Galinkin, corte-se já, com passeata liberal de apoio à sensatíssima redução do Estado devorador e, se necessário, estocagem de armas na PUC-Rio e na Casa das Garças para enfrentarmos, unidos, a guerra civil comandada pela banca endógena e exógena que por certo virá. Para evitá-la,só com pedido de consultoria a Néstor.
Simples Alon, a instabilidade geral provocada pelo risco do governo petista aplicar um programa heterodoxo terá repercussóes por mais uns 15 anos. Ninguem sáo toma emprestado a 10% quando os próprios bancos privados tem linha de crédito a 2-3%, alto sim, mas bem mais baixo que 10%. De qualquer maneira, cheque especial é pura agiotagem, assunto de código penal.
Bem, a primeira coisa que devemos fazer para parar de pagar juros é pagar a dívida principal, isto é óbvio e cristalino. Quem não quer pagar juros que não contrate dívidas. Até acho que se poderia obter um excelente desconto se pagarmos a vista. Claro que depois disso seria tambem muito interessante não mais gerarmos déficit de espécie alguma, mas como nossos governantes acham que dinheiro nasce em árvores, tudo pelo social, creio que será deveras difícil.
"Instabilidade com repercussão de 15 anos" por conta da NÃO adoção de um programa heterodoxo?!
Desculpe-me, JV, mas aí é demais. E como explicar, então, a Argentina, que após um calotaço tem risco-país menor e não teve perda de entrada de recursos?
E pq não, a título de redução de gastos do Estado, renegociar principal e taxas da dívida pública, ao invés de pura e simplesmente quitá-la e, mais uma vez, "acariciar" a banca?
renegociar equivale a quitar com um bom desconto. A Argentina pega emprestado do Chavez, ferrou os aposentados italianos e um dia vai pagar.
Você tem razão, deve durar a desconfiança bem uns 20 anos.
Falta concorrência para os bancos. Sugiro abrir o mercado para as bancas internacionais.
Rosan de Sousa Amaral
Rosan,
ABN Amro, HSBC, Santander, Citi, Amex, Barclay's, BNP Paribas, Bilbao Vizcaya, Cargill, Crédit Suisse, Tokyo-Mitsubishi, J.P. Morgan, Luso-Brasileiro, Merrill Lynch, Rabobank, Société Générâle, Sumitomo-Mitsui, Unión, Bank of America, Deutsche, Dresdner, IngBank, jão não está de bom tamanho?
Artur, vieram pagando pedágio, comprando o "agree", a carta bancária. Lembrem-se do Bamerindus, Banespa, etc. Quando se abre "free" não têm que comprar cartório, apenas concorrer.
Rosan
Desculpe insistir, Rosan, mas em que a compra da carta implica não-concorrência, em não ser "free"?
O que breca a concorrência no setor não é a cor do "passaporte" do banco, como vc quis fazer crer ao falar em abertura para bancos estrangeiros, mas o oligopólio que, nacionais e estrangeiros, formam, devidamente alimentado pelos títulos do Tesouro e pela legislação bancária.
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