
Assisti pela tevê ao
debate entre os candidatos à presidência da Câmara dos Deputados (foto). Uma coisa boa é que doravante será difícil deixar de haver debate quando houver eleição para presidente da Câmara dos Deputados. A democracia é assim: os hábitos democráticos surgem como do nada e acabam se arraigando. O debate foi duro, como convém a contendas entre adversários. Foi curioso ver aliados de ontem se engalfinhando e adversários de ontem de mãos dadas. É a política.
O PT parece ter se magoado com a fala final do presidente da Câmara, que advertiu contra uma possível concentração de poder nas mãos do PT. Eu não veria essa afirmação de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) como uma crítica. Do ângulo da ciência política, chega a ser um elogio. Partidos existem para lutar pelo poder. Quanto mais, melhor. Por isso é que o pluralismo partidário é insubstituível na democracia: o apetite de um partido é controlado pelo apetite dos demais. Eu não conheço mecanismo mais eficaz para defender a liberdade. Você conhece? Eu proponho que esse debate seja feito objetivamente. Por exemplo, se o sujeito acha que só o PT é quem pode fazer as reformas necessárias para levar o Brasil a crescer e distribuir renda, é compreensível que essa pessoa lute para o PT ocupar cada vez mais espaços, ainda que à custa de posições hoje ocupadas por aliados. Se o indivíduo está convencido de que o PT é a única corrente política genuinamente comprometida com a luta dos trabalhadores e com as aspirações dos pobres por justiça social, tem mais é que ajudar a remover todo e qualquer obstáculo ao poder do PT. Aliás, não há novidade nesse enredo. O PT age agora em relação ao PCdoB e ao PSB como sempre agiu em relação a aliados com projetos próprios de poder. O PT foi implacável com o PMDB até subjugá-lo. Deu certo. Hoje, as facções peemedebistas rivalizam nas mesuras dirigidas ao PT. Até o PSDB já dá sinais de ceder diante do mix de dureza e ternura dos petistas. Pensando bem, ao desencadear a operação
Delenda Aldo, o PT-governo presta uma homenagem à aliança PSB-PCdoB. Reconhece a ambos não como aliados menores, mas como concorrentes. Não existe reverência maior na política. É preciso saber, porém, se socialistas e comunistas estarão à altura da honraria.
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3 Comentários:
Alon
É um raciocínio interessante este que você desenvolve. É correto dizer que os partidos devam lutar pelo poder, e que devem fazer todos os esforços, dentro das regras do jogo, para ocupar os espaços políticos e fazer valer seus programas.
Nesse sentido, concordo com você quando diz que o PT faz um elogío ao PC do B e ao PSB ao enfrentá-los como concorrentes, reconhecendo seu valor e o espaço importante que ocupam na arena política. E concordo também na sua dúvida: estariam aqueles dois partidos à altura de perceber a, segundo você, homenagem?
Mas também há uma outra dúvida sugerida por seu texto: estaria o PT à altura de perceber todas as implicações do atual jogo político e suas conseqÜências para 2008 e, principalmente, 2010? Não estaria o PT repetindo seu erro do primeiro mandato, que tudo quiz, a qualquer preço (a qualquer preço é ironia involuntária), metendo os pés pelas mãos e quase pondo a perder a possibilidade da reeleição e de uma representação expressiva na Câmara?
Para quem vê de longe, porque não é petista e está mais interessado na possibilidade de mundanças qualitativas neste 2ºmandato , fica a sensação de que o PT, mais uma vez, pode colocar água no chope de Lula, e, pior, de todos nós.
Daí minha dúvida, Alon. Estaria o PT à altura dos desafios do Brasil de hoje? Estaria disposto a abrir mão de seus pequenos poderes partidários para tentar, com as demais forças políticas,romper com a mesmice do primeiro mandato e pavimentar o caminho de 2010, caminho de barre a volta dos nefastos anos do tucanato federal?
Eu gostaria imensamente que o PT tivesse aprendido com seus erros, mas tenho cá minhas dúvidas. Gato escaldado tem medo de água fria.
cid cancer
mogi das cruzes - sp
A disputa pelo posto de candidato da coalizão governista a presidente em 2010 começou oficialmente hoje.
A dupla PSB-PCdoB conta com uma grande vantagem: possui o, até agora, candidato mais forte da base governista, o deputado Ciro Gomes. Candidato, coisa que o PT não tem hoje. E que o PMDB também não tem, possa ter caso Aécio Neves se convença de que não tem espaço pra ele no ninho tucano.
Alon, seus comentários mostraram um raciocinio novo no que tange a disputa da Câmara. Mas, sou obrigado a discordar de sua opinião, pois as falas de Aldo sobre o PT foram no minimo deselegantes, pois utilizar certos esteriótipos construidos na mídia, como o PT tem sede de cargos, o PT é intransigente... É muito ruim para quem são aliados históricos.
É bom que se lembre que o PT já abriu mão para o Aldo na eleição passada para a Camara o que mostra como o PT abre mão sim...
Ah, esqueci de comentar que Arlindo propos que tivesse uma consulta a base aliada que Aldo rejeitou (porque será???).
E foi o fim os elogios de Aldo (durante o debate de candidatos, para flertar com Fruet) a gestão de FHC com os assentamentos rurias, pois todo mundo sabe que aquilo foi jogada de marketing, pois os assentamentos foram infladas e quando ocorreram não tinham nada de infra-estrutura...
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