E o contrabando? E o tráfico? (09/01)
Está hoje nos jornais que o Brasil vai proporcionar mais facilidades tarifárias para a importação de produtos estrangeiros que chegam ao país pelas fronteiras do Uruguai e do Paraguai. Disse ontem o chanceler Celso Amorim que o Brasil vai antecipar unilateralmente o fim da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum nesses casos, mas só para os "sócios menores" do Mercosul. Duas observações. Não fica meio estranho um bloco econômico começar a praticar regras comerciais diferenciadas nas relações bilaterais entre os seus membros? Se vão fazer, por que não também incluir, por exemplo, a Argentina na regra? Entendo que o Brasil queira ser generoso com os irmãos menores do Mercosul, para contrabalançar talvez um excesso de protagonismo de rivais potenciais sul-americanos, mas corremos o risco de estar construindo uma coisa desconjuntada, justamente onde deveria haver uma estratégia de coordenação e homogeneidade crescentes. O segundo problema, mais prático, é o seguinte. Firulas diplomáticas à parte, quais as medidas concretas que o governo brasileiro pretende tomar para enfrentar duas fontes importantes do nosso crime organizado: o tráfico (drogas e armas) e o contrabando nas fronteiras do Mercosul?
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2 Comentários:
Suas observações são precisas, Alon, mas na União Européia também não há certos tratamentos de exceção, como tiveram Portugal e Grécia? Sei que o que você questionou é a decisão do Brasil ser unilateral, ou melhor, bilateral, mas à revelia da Argentina. E será que a Argentina quer conversar, depois das papeleiras uruguaias, e de recorrer à OMC contra o Brasil? O Mercosul parece ser necessariamente escrito por linhas tortas, dada a heterogeneidade das políticas nacionais de cada país, e leverá mais tempo que o desejado. A própria inclusão da Venezuela, faz com que suas recentes decisões internas de reestatização, contamine o Mercosul como um todo, fossem os países vistos como um único bloco. Isso obriga os demais países a procurarem descolarem-se uns dos outros, e diferenciarem do bloco.
Quanto às fronteiras, no governo Lula houve significativa melhoria no controle na região da tríplice fronteira: ponte da Amizade e Lago de Itaipu. Acredito faltar mais integração e cooperação internacional nas próprias políticas de combate ao narcotráfico entre os 3 países.
Fugindo um pouquinho ao assunto, mas falando em América Latina, faz tempo que não vejo notícias do EZLN (zapatistas no México). Toda a América Latina tem visto seus movimentos sociais protagonizar avanços e participar de sucessos eleitorais. Os sandinistas retornaram ao poder na Nicarágua. Será que Hugo Chaves é quem está monopolizando as atenções na região, o que ofusca o EZLN e outros, ou este movimento está um pouco esvaziado ou fazendo alguma trégua?
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