Conversa de vestiário (05/10)
Você é capaz de identificar o candidato prestes a ser derrotado num segundo turno eleitoral? Você saberá que está diante de um, se ouvir dele que "nossa aliança agora é com os eleitores". Quem fala isso, em geral é porque não conseguiu os apoios que desejava -e precisava- obter. Há algumas verdades na política. Ninguém manda no voto do eleitor, mas ele se organiza em tribos. Que têm líderes. Que conseguem influenciar o voto dos liderados.
Então estamos diante de um problema. Chegamos a uma conclusão que até certo ponto contradiz a premissa. Se fosse um problema matemático, teríamos provado, por absurdo, que a premissa é falsa. A política não é (só) matemática, mas a usar a lógica sempre ajuda. Empiricamente, sabe-se que nenhum candidato ganha segundo turno sem formar alianças políticas majoritárias (tendo como referência os resultados do primeiro turno). Se alguém conhece um caso que derruba a minha tese, peço que relate -e dê os números.
Eu não me lembro. Se houver, é exceção. Eis uma vantagem da política sobre a matemática: exceções não desqualificam a regra. Voltando às eleições presidenciais, reparem que ninguém mais no PT reclama da ampliação das alianças de Luiz Inácio Lula da Silva. Os petistas convenceram-se? Converteram-se. Talvez seja mais adequado falar em instinto de sobrevivência. Agora a balbúrdia ameaçou instalar-se no outro lado, por causa do apoio de Anthony Garotinho a Geraldo Alckmin. Mas a reação foi localizada no Rio. No restante do universo tucano-pefelista, prevalece a realpolitik.
Disse antes que a política não é como a matemática. Se tivesse que comparar, preferiria o futebol. Uma coisa é o que se diz diante das câmeras. Outra é o que se diz no vestiário. Lembro quando na Copa do Mundo o técnico Carlos Alberto Parreira foi flagrado pelo Fantástico, numa ótima reportagem com o uso de leitura labial. Ali descobrimos que até o mais britânico dos nossos treinadores diz coisas impublicáveis.
Vamos especular sobre uma hipotética conversa de vestiário entre Geraldo Alckmin e seus aliados. Claro que é ficção, pura ficção. O candidato tucano reúne o time (ele gosta de falar em time, repararam?) e diz algo mais ou menos assim: "P..., eu estou tentanto juntar todo mundo que quer derrotar o Lula. Esse é o único jeito de ganhar esta m... de eleição. Estou c... para o que vocês pensam uns dos outros. Eu quero é saber quem vai entrar em campo para resolver o problema. E f...-se o currículo de cada um de vocês. Se currículo ganhasse jogo, deveríamos ter mandado o time dos masters para a Copa da Alemanha. Agora, vou pedir um favor. Quem não quiser ajudar, não tem problema, cai fora já. Melhor do que ficar aqui atrapalhando quem está a fim de enfrentar a parada".
Fraquinha, essa minha ficção. Ainda bem que não preciso ganhar a vida como ficcionista.
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Então estamos diante de um problema. Chegamos a uma conclusão que até certo ponto contradiz a premissa. Se fosse um problema matemático, teríamos provado, por absurdo, que a premissa é falsa. A política não é (só) matemática, mas a usar a lógica sempre ajuda. Empiricamente, sabe-se que nenhum candidato ganha segundo turno sem formar alianças políticas majoritárias (tendo como referência os resultados do primeiro turno). Se alguém conhece um caso que derruba a minha tese, peço que relate -e dê os números.
Eu não me lembro. Se houver, é exceção. Eis uma vantagem da política sobre a matemática: exceções não desqualificam a regra. Voltando às eleições presidenciais, reparem que ninguém mais no PT reclama da ampliação das alianças de Luiz Inácio Lula da Silva. Os petistas convenceram-se? Converteram-se. Talvez seja mais adequado falar em instinto de sobrevivência. Agora a balbúrdia ameaçou instalar-se no outro lado, por causa do apoio de Anthony Garotinho a Geraldo Alckmin. Mas a reação foi localizada no Rio. No restante do universo tucano-pefelista, prevalece a realpolitik.
Disse antes que a política não é como a matemática. Se tivesse que comparar, preferiria o futebol. Uma coisa é o que se diz diante das câmeras. Outra é o que se diz no vestiário. Lembro quando na Copa do Mundo o técnico Carlos Alberto Parreira foi flagrado pelo Fantástico, numa ótima reportagem com o uso de leitura labial. Ali descobrimos que até o mais britânico dos nossos treinadores diz coisas impublicáveis.
Vamos especular sobre uma hipotética conversa de vestiário entre Geraldo Alckmin e seus aliados. Claro que é ficção, pura ficção. O candidato tucano reúne o time (ele gosta de falar em time, repararam?) e diz algo mais ou menos assim: "P..., eu estou tentanto juntar todo mundo que quer derrotar o Lula. Esse é o único jeito de ganhar esta m... de eleição. Estou c... para o que vocês pensam uns dos outros. Eu quero é saber quem vai entrar em campo para resolver o problema. E f...-se o currículo de cada um de vocês. Se currículo ganhasse jogo, deveríamos ter mandado o time dos masters para a Copa da Alemanha. Agora, vou pedir um favor. Quem não quiser ajudar, não tem problema, cai fora já. Melhor do que ficar aqui atrapalhando quem está a fim de enfrentar a parada".
Fraquinha, essa minha ficção. Ainda bem que não preciso ganhar a vida como ficcionista.
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4 Comentários:
A ficção é perfeita. E sim, você seria um sucesso.
Ainda que não tenha sido verbalizada, essa conversa é a cara do Geraldo-como-quieto. Ele é mais mineiro que Aécio. E não é a toa que está no segundo turno após estuprar o Serra e a cúpula do PSDB. E todos gostaram da f... Ainda que estejam g... atrasado.
desde o after day da eleição, estou com a sensação que se formou uma onda pró-alckmin.
Acho que as próximas pesquisas vão mostrá-lo ligeiramente acima de lula.
De repente ele ficou cult. No meu MSN diversos amigos que não ligam para política, universitários com 20 e poucos anos estão com o alckmin no nick.
Gostaria de ler um texto seu sobre a formação de ondas. A de lula em 2002 e a que parece estar se formando agora para Alckmin.
Alon, você tocou no "x" da questão: conversa de vestiário!
Esse tipo de apoio se costura nos bastidores, e se manifesta na dose certa. Nem todo acordo fica bem na foto.
Prezado Alon: Conversa de Vestiário?? A conversa é de tapetão... Um abraço.
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