Duas táticas na relação com o Hamas e uma visão tardia sobre a invasão soviética no Afeganistão (10/02)

O mundo adota táticas diferentes em relação ao Hamas. Israel, Estados Unidos e a maioria do Ocidente trabalham para isolar os extremistas palestinos, até que aceitem abdicar da violência e admitam a solução de dois estados, um judeu e um palestino, como está nos acordos assinados por Yasser Arafat desde Oslo. Rússia e França trilham outro caminho. O presidente russo, Vladimir Putin, convidou os dirigentes do Hamas a visitar Moscou. A Rússia, ao contrário dos Estados Unidos, nunca classificou oficialmente o Hamas como "terrorista", apesar de terem os russos seus próprios problemas com organizações terroristas islâmicas. A Chechênia é o exemplo mais cruento. Propaganda à parte, o movimento russo parece repousar na suposição de que não é boa política dar as costas ao novo governo palestino e deixá-lo à mercê de países fundamentalistas, como o Irã, ou que ainda não assumiram compromisso formal com a existência de Israel, como a Síria. Está em A Arte da Guerra, de Sun-Tsu: "Para um inimigo cercado, você deverá deixar um caminho para a saída; e não pressione com muito vigor um inimigo que está acuado e desesperado em um canto sem saída". Ou seja, enquanto uns mordem, outros assopram. Talvez faça sentido. A reação dos Estados Unidos a esse balé diplomático russo foi sintomaticamente cautelosa. Com esse gesto, Putin também emite um sinal de moderação para seus próprios muçulmanos. A pressão islâmica na Ásia Central e no Cáucaso tem sido um problema sensível para Moscou desde a dissolução da União Soviética. E, por falar em União Soviética, está na hora de o Ocidente reavaliar a invasão do Afeganistão em 1979. Naquele ano, o Kremlin enviou as suas tropas para evitar que os fundamentalistas tomassem o poder em Kabul. O Ocidente reagiu apoiando os fundamentalistas. O resultado de curto prazo foi o boicote às Olimpíadas de Moscou no ano seguinte. O resultado de longo prazo foram o Talibã e Osama bin Laden. Na foto acima, de 1988 (Mikhail Evstafiev), tropas soviéticas saem do Afeganistão um ano antes da retirada total.
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3 Comentários:
Alon, excelente avaliação, seu blog é de uma profundidade crítica absurdamente antenada, parabéns!!
Valeu, Riva. Ajude meu blog, comentando e criticando.
Excelente blog. Faço minhas as palavras de Riva acima. Parabens. São os melhores comentarios.
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